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sábado, 25 de setembro de 2021

 O CEMITÉRIO DA SÉ DE LEIRIA

Leiria teve até ao final do século XVIII, a tradição de utilizar as Igrejas, os seus adros e envolvente, para efetuar os enterramentos.
As necrópoles ligadas às várias igrejas da cidade, vão revelando em escavações efectuadas vestígios desses enterramentos.
Com a modernidade, em que o conhecimento se foi sobrepondo ao secularismo da igreja surgiram reações à instalação de necrópoles nas igrejas, e para a criação de locais a esse fim destinados, que mantivessem o estatuto sacralizado.
Esta visão moderna foi defendida e praticada pelo Bispo de Leiria, D. Manuel de Aguiar, que numa iniciativa avançada para a sua época criou em 1798, o Cemitério da Sé, localizado nas suas traseiras, impedindo os enterramentos do interior da Igreja.
O cemitério da Sé de Leiria manteve-se até à construção do atual, localizado no morro de Santo António do Carrascal, inaugurado em 1871, depois de longo período de diligências e hipótese de localização, que decorreu desde 1835, data em que oficialmente são criados os cemitérios públicos e proibidos os enterramentos dentro das igrejas.

imagem 1 - Desenho com planta do sec. XVIII onde é visível o cemitério da Sé.
Imagem 2 - Desenho de 1836 com uma vista onde aparece o cemitério nas traseiras da Sé.

Créditos: A história do Cemitério da Sé de Leiria. Francisco Queiroz.




quinta-feira, 23 de setembro de 2021

 DO ROSSIO AO LARGO 5 DE OUTUBRO E À PRAÇA GOA, DAMÃO E DIU.

Aproveitando o notório interesse havido com a evolução desta zona ao longo do século XX, o que é compreensível por este ser um dos espaços mais centrais da cidade enriqueço essa informação com mais algumas fotos interessantes e significativas.
A 1ª foto da década de 1930 tem uma visão da zona com um canteiro ladeado por alguns passeios e estradas. Estas últimas serviriam para acolher viaturas puxados por animais mas também para utilização de peões como se pode reparar. A foto tem a particularidade de parecer encomendada pela figura em plano de destaque na mesma.
A 2ª foto talvez dos finais dos anos 30 com enquadramento diferente focado nos edifícios e castelo.
A 3ª foto da década de 1940 focada no monumento aos mortos da grande guerra, que foi ali inaugurado em 1929, e onde se repara nos canteiros nos arranjos dos canteiros e uma panorâmica da fila edifícios que compõem o largo 5 de Outubro em direcção ao entáo Paço Episcopal.
A 4ª foto talvez da década de 1960 que nos mostra um largo diferente com uma praceta central em terra batida em frente do edifício da Caixa Geral de Depósitos, que ali foi concluído em 1943, e com uma panorâmica alta da zona histórica à época. As vias de comunicação estão bem definidas e alcatroadas e existe um parqueamento nas traseiras do edifício do BNU., que entretanto se entenderia para o largo central.
A 5ª foto da década de 1970, com uma configuração diferente com o aproveitamento da praça central para parque de estacionamento organizado e delimitado por passeios. O parque está ocupado o que demonstrava a crescente utilização do automóvel e o crescimento da actividade comercial polarizada nas baixas citadinas.
A 6ª e última foto das finais da década de 1970 com o largo transformado em praça já com a vistosa fonte luminosa nele implantada a qual foi inaugurada em 1973. Os tempos mudam após a invasão automóvel dos centros das cidades há o movimento de empurrar o transito para vias exteriores e recuperar as praças com equipamentos lúdicos, zonas verdes com decorações florais e de ocupação pedonal.
Termino com a nota de que a hoje denominada Praça Goa Damão e Diu, que se recortou do Largo 5 de Outubro, não tem registo de deliberação camarária da sua criação e consequentemente quando passou a ser assim chamada.

























sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 A RUA DIREITA E O BAIRRO DE S. MARTINHO

 SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA DE LEIRIA.

O mapa de Leiria do século XV.
O bairro de S. Martinho constituíu-se a partir do século XIV no principal centro comercial da vila, sendo a rua Direita a sua principal via e a maior rua da vila medieval.
Os espaços públicos fundamentais também estão intimamente relacionados com e regrados pela rua Direita, ficando o Terreiro numa das extremidades e o Largo da Sé na outra.
Revelou ser também um eixo estruturante da urbanização dessa zona da vila existindo dezoito ruas que lhe são perpendiculares, dez a nascente e oito a poente.
Em diversos documentos do século XIV e XV, são mencionadas vias transversais à rua Direita ou rua da Judiaria. Em alguns casos é difícil fazer uma relação da evolução toponímica das vias.
Seriam transversais da rua Direita: a da Alfaiataria; a rua da Carpintaria; a rua da Rigueira; a rua da Sapataria; a rua Nova igualmente designada por rua da Lã ou dos Mercadores ou, somente, dos Mercadores; a rua das Cavalarias e a de Gil Martins (Gomes, 1993). Existiam várias ruas paralelas à rua Direita.
Em documentos do século XIV, existem referências a uma via “acima da rua da judiaria”, e no século XVI, era referenciada a rua do Pão e Queijo, actual rua da Beneficência (Gomes, 1993).
Outras ruas, como a rua de Alcobaça e a rua da Água * (actual Rua Comandante João Belo), são importantes para a compreensão do modelo urbanístico da vila medieval.
A rua da Água ia da Portela ao actual largo da Graça, sendo-lhe perpendicular à rua de Alcobaça.
As origens desta última artéria remontam ao século XIII, sendo que nesta o Mosteiro de Alcobaça detinha diversas propriedades. Referências toponímicas à rua do Relego surgem somente no século XVIII, no entanto, não é de excluir, segundo Saul Gomes (Gomes, 1993), que ela não tivesse esse nome em época medieval. “Mas segundo uma fonte moderna, a rua do relego tinha orientação grosso modo norte-sul confrontando com o Terreiro e com a rua da Água, respetivamente.
A rua de Alcobaça era uma das ruas a ela perpendiculares. O relacionamento que estabelece entre esta designação moderna e a artéria medieval, que existia necessariamente, e de que os documentos há pouco citados dão testemunho, resulta, (…), da notícia inserida num capítulo especial de Leiria apresentado nas Cortes de Évora de 1460, que revela existir na vila uma rua onde se vendia o vinho do rei durante o relego era costume e lei que, no período da relegagem, se vendesse vinho apenas numa artéria citadina.” (Gomes, 1993).
Nota:
(
Historicamente, o relego era o direito que o soberano ou o seu donatário tinha de poder vender livremente o vinho que se produzia nos seus reguengos, coutos e juradas, em certos meses e pelo prazo de dias; durante esse tempo marcado nos forais, provisões e cartas de mercê, ninguém podia vender vinho sem incorrer no pagamento do relego)

O Bairro de S. Martinho teve na Praça de S. Martinho o seu centro e o decorrer do tempo iria  acentuar essa centralidade. A demolição da Igreja de S. Martinho no séc.XV definiu o desenho renascentista da praça do mesmo nome, e segue as direções e os parâmetros dos 5 arruamentos que a ainda a ligam ao eixo primordial da cidade. O Rossio, anexo à Praça e a ela ligado originariamente por um arco, algo comum nas ruas da urbe, é um espaço amplo de transição para o rio * (actualmente ocupado pelo Largo 5 de Outubro, o jardim Luis de Camões, e o Largos Goa, Damão e Diu.)
Com base em pesquisa às fontes:
“Património de Leiria e desenvolvimento sustentável” Michael Silva Sousa e fontes nele mencionadas; Site do património (DGPC) ; Wikipédia;

























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