sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 A RUA DIREITA E O BAIRRO DE S. MARTINHO

 SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA DE LEIRIA.

O mapa de Leiria do século XV.
O bairro de S. Martinho constituíu-se a partir do século XIV no principal centro comercial da vila, sendo a rua Direita a sua principal via e a maior rua da vila medieval.
Os espaços públicos fundamentais também estão intimamente relacionados com e regrados pela rua Direita, ficando o Terreiro numa das extremidades e o Largo da Sé na outra.
Revelou ser também um eixo estruturante da urbanização dessa zona da vila existindo dezoito ruas que lhe são perpendiculares, dez a nascente e oito a poente.
Em diversos documentos do século XIV e XV, são mencionadas vias transversais à rua Direita ou rua da Judiaria. Em alguns casos é difícil fazer uma relação da evolução toponímica das vias.
Seriam transversais da rua Direita: a da Alfaiataria; a rua da Carpintaria; a rua da Rigueira; a rua da Sapataria; a rua Nova igualmente designada por rua da Lã ou dos Mercadores ou, somente, dos Mercadores; a rua das Cavalarias e a de Gil Martins (Gomes, 1993). Existiam várias ruas paralelas à rua Direita.
Em documentos do século XIV, existem referências a uma via “acima da rua da judiaria”, e no século XVI, era referenciada a rua do Pão e Queijo, actual rua da Beneficência (Gomes, 1993).
Outras ruas, como a rua de Alcobaça e a rua da Água * (actual Rua Comandante João Belo), são importantes para a compreensão do modelo urbanístico da vila medieval.
A rua da Água ia da Portela ao actual largo da Graça, sendo-lhe perpendicular à rua de Alcobaça.
As origens desta última artéria remontam ao século XIII, sendo que nesta o Mosteiro de Alcobaça detinha diversas propriedades. Referências toponímicas à rua do Relego surgem somente no século XVIII, no entanto, não é de excluir, segundo Saul Gomes (Gomes, 1993), que ela não tivesse esse nome em época medieval. “Mas segundo uma fonte moderna, a rua do relego tinha orientação grosso modo norte-sul confrontando com o Terreiro e com a rua da Água, respetivamente.
A rua de Alcobaça era uma das ruas a ela perpendiculares. O relacionamento que estabelece entre esta designação moderna e a artéria medieval, que existia necessariamente, e de que os documentos há pouco citados dão testemunho, resulta, (…), da notícia inserida num capítulo especial de Leiria apresentado nas Cortes de Évora de 1460, que revela existir na vila uma rua onde se vendia o vinho do rei durante o relego era costume e lei que, no período da relegagem, se vendesse vinho apenas numa artéria citadina.” (Gomes, 1993).
Nota:
(
Historicamente, o relego era o direito que o soberano ou o seu donatário tinha de poder vender livremente o vinho que se produzia nos seus reguengos, coutos e juradas, em certos meses e pelo prazo de dias; durante esse tempo marcado nos forais, provisões e cartas de mercê, ninguém podia vender vinho sem incorrer no pagamento do relego)

O Bairro de S. Martinho teve na Praça de S. Martinho o seu centro e o decorrer do tempo iria  acentuar essa centralidade. A demolição da Igreja de S. Martinho no séc.XV definiu o desenho renascentista da praça do mesmo nome, e segue as direções e os parâmetros dos 5 arruamentos que a ainda a ligam ao eixo primordial da cidade. O Rossio, anexo à Praça e a ela ligado originariamente por um arco, algo comum nas ruas da urbe, é um espaço amplo de transição para o rio * (actualmente ocupado pelo Largo 5 de Outubro, o jardim Luis de Camões, e o Largos Goa, Damão e Diu.)
Com base em pesquisa às fontes:
“Património de Leiria e desenvolvimento sustentável” Michael Silva Sousa e fontes nele mencionadas; Site do património (DGPC) ; Wikipédia;

























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