sexta-feira, 19 de março de 2021


 CONVENTOS DE LEIRIA

CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO DOS CAPUCHOS
Na cidade de Leiria, o convento de Santo António dos Capuchos foi a última casa religiosa a ser instituída, depois da instalação dos franciscanos no século XIII, da fundação do convento de San'Ana no século XV, e do convento de Santo Agostinho na segunda metade de 1500.
Este convento foi estabelecido em 1657, por D. Pedro Vieira da Silva (então secretário de Estado, mas que veio a ser Bispo de Leiria), que se encontra sepultado na igreja.
Desde essa época, foi alvo de duas intervenções, uma no século XVIII e outra no início de 1900, conforme as datas inscritas na frontaria da igreja. Nesta medida, o templo primitivo, de dimensões reduzidas, foi ampliado em 1770, época em que se construíram os corpos laterais e, muito possivelmente, os portais laterais barrocos e o revestimento azulejar da nave.
O interior, onde se articulava a nave e a capela-mor rectangulares, foi alvo de profundas alterações, mas ainda subsistem alguns vestígios de pintura mural de brutescos, que decoravam as paredes da nave, em conjunto com os azulejos polícromos, estes já desaparecidos.
A Sul encontrava-se a capela dos Capuchinhos, sagrada em 1904, conforme a inscrição patente na fachada, mas que foi, também, muito adulterada. A Norte, desenvolvem-se as dependências c
Com a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o convento ficou na posse do Estado que, em 1864, o transformou em Hospital Militar. (FOTO)
Já no século XX, em 1904, a igreja foi alvo de uma intervenção de restauro, o que não impediu a profunda ruína em que incorreu posteriormente.
No século XX! todo o edifício se encontra profundamente degradado em ruínas e existe um projecto ao abrigo dum programa público, para cedência de parte do edifício para exploração privada de unidade hoteleira, dita de charme. (FOTO)






































Sobre a antiga Esplanada do jardim e um texto de António Faria.




  •  Aproveitando as fotos deixo um pequeno texto, que evoca um periodo áureo desta esplanada : A Esplanada do Jardim
    Esplanada, que à letra quererá dizer terreno plano amplo e descoberto, ou praça, poderá provir etimologicamente do francês esplanade de quem também teremos importado o conceito. Quando num lugar desses se puseram mesas e cadeiras o nome manteve-se . Mas esplanadas há certamente muitas: abrigadas ou desabrigadas, guarnecidas de árvores ou toldos, com vista, ou sem vista, de mobiliário económico ou mais luxuoso, extensas ou contidas. A diferença entre elas, contudo, para além das diversas particularidades, estará antes de mais na sua frequência. Que clientela aí poisa e permanece. É que é a clientela quem realmente faz o ambiente! No entanto a esplanada que nos dá motivo para falar, é uma de razoável dimensão, situada num jardim público, com chão em terra batida de saibro, com grandes plátanos e outras espécies e sebes de buxo a limitar o seu perímetro. Mesas com tampos de pedra e cadeiras de latão pintado, e o apoio de um Salão de Chá e café em r/c com mais um andar parcial em sobreloja, voltada para o recinto da esplanada. No total umas trinta mesas no exterior preenchem esse terreiro, que empregados pressurosos percorrem vezes sem conta. Está inserida num extremo de um jardim público, e com o rio pelas costas. É claro, já se terá percebido, a esplanada é em Leiria.
    Pois foi nesse lugar , cuja frequência foi mudando ao longo dos anos, e é agora muito diferente do que foi, nos anos sessenta, quando a clientela era outra, e mais tranquila e disponível, que se passaram, se não acontecimentos insólitos ou de grande relevo público, pelo menos alguns que talvez mereçam alguma menção, antes que sejam totalmente esquecidos.
    Grupos sociais diversos aí fizeram encontro regular, ou episódico, mas o mais frequente era demorarem-se. O ócio tornava-se um bem público, que se usufruía nestes locais sem nenhuma má consciência. Mas nem todos o podiam praticar. De entre os mais regulares viam-se alguns grupos de senhoras bempostas que vinham após o almoço passar a tarde ou parte dela com as amigas. E muito conversavam, enquanto o crochet ia crescendo nas suas mãos, que com grande automatismo movimentavam as agulhas, para as quais nem precisavam olhar. Pelas cinco, pediam então o chá e as torradas ou os bolinhos e comiam com apetite e satisfação Não eram magras e supõe-se, não era muito má a sua vida! Os seus maridos, se os tinham ganhavam para elas, mas também podiam ser solteironas com heranças, e quiçá títulos nobiliárquicos já com pouco valor.
    Mas havia outros grupos regulares, homens de meia idade que tomavam o café após o almoço, demoravam-se um pouco e voltavam para as ocupações.
    Um outro grupo maior que fazia mais permanência, era constituído por estudantes do secundário, que por aí iam ficando tardes inteiras, em grupos mais ou menos móveis, esticando o seu café e copo de água até ao limite da paciência dos empregados. Não era habitual, como agora para os mais jovens, beber cerveja ou cola a toda a hora. Estes não faziam grandes estragos, nem algazarra, mas também consumiam pouco. Em algumas mesas até se estudava, com a complacência da gerência e empregados. Por vezes alguém trazia uns dados de poker ou uma guitarra que se arranhava mal, mas que produzia sempre alguma animação.
    Aos fins de semana, com bom tempo, era até difícil encontrar lugar sentado. Aos clientes habituais, juntavam-se também magalas, recrutas e militares em transito do seu quartel para casa. Estava-se em guerra e os fardados ou militarizados eram muitos, e tinham muitas histórias que contar uns aos outros. E que longas histórias.
    Mas outras histórias, terão tido por cenário, a própria esplanada.
    Ficará para outro dia..

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