sábado, 11 de dezembro de 2021

 DO CONVENTO DE S. FRANCISCO À Cª LEIRIENSE DE MOAGEM

Duas imagens que recordam edifícios antigos e já desaparecidos como tal e a sua envolvência.
A 1ª imagem de 1880 mostra o antigo convento de S. Francisco e a sua igreja, tendo esta sobrevivido, sido requalificada e ser um local de visita no século XXI.
A 2ª imagem da década de 1930 mostra o edifício da Cª Portuguesa de Moagem, construção terminada em 1926 e que permaneceu até finais do século, apesar da empresa ter terminado a sua laboração antes do final do século XX.
O edifício da Cª Portuguesa de Moagem deu lugar a um projecto que requalificou e integrou a zona do claustro do antigo convento numa área de utilização residencial e comercial.




terça-feira, 30 de novembro de 2021


Algures nos anos 50/60 do século passado uma animada prova de ciclismo amador prepara-se para partir do inicio da Av. Combatentes da Grande Guerra mesmo perto do celebre café Colonial

.Thomas Silva

Guilherme esta partida da avenida dos Combatentes da Grande Guerra data de 1950, devidamente identificada pelo fotografo o pai do Luis Amaral. Apaixonado pelas motas, e que competia em "motos" (essencialmente "Cucciolos da Ducati " ou com as versões portuguesas da "Pachancho" (fabricadas em Braga) ou da "Vilar"(fabricadas em Vila Nova de Gaia). Junto segue outra fotografia desta partida da autoria do Amaral (pai), cujo filho é igualmente um apaixonado pela mecânica e pelo restauro de motas.





RUA MACHADO DOS SANTOS NA DÉCADA DE 1960

RUA MACHADO DOS SANTOS NA DÉCADA DE 1960
Na época as vias de entrada/saída da cidade estavam devidamente alcatroadas, largas e com estruturas pedonais (passeios). Além dos edifícios habitacionais recentes ou melhorados, surgiam edifícios construídos para acolher comércio e serviços que estavam em crescimento e procuravam locais dentro da cidade mas perto de vias de comunicação modernas onde os acessos estivessem facilitados.
Ester edifício com uma arquitectura própria desta época, idêntico a outros para o mesmo ramo, era um entreposto de venda automóvel da marca DATSUN com uma oficina, que não sei se era exclusiva da marca ou generalista.
De memória lembro-me que um pouco acima no prédio do antigo grémio, existiu também o stand de vendas da Auto Leiria, concessionário da marca Ford, e que também tinhas as suas oficinas no mesmo local .
Seria interessante relembrar onde se localizavam as empresas e oficinas das marcas de automóveis, mas o que pretendo realçar é que este ramo de actividade na parte comercial e de serviços, já vivia nesta época um crescimento acentuado que se manteve nas décadas seguintes e o tornou um dos ramos mais importantes nas décadas a seguir a 1970.
O conjunto edificado foi entretanto substituído, nos finais da década de 70 por edifícios de apartamentos com 3/4 pisos para habitação e serviços.
Posteriormente esses negócios e oficinas foram deslocalizado para zonas periféricas perto de grandes áreas comerciais e das novas vias de circunvalação.


sábado, 30 de outubro de 2021

 A FEIRA ANUAL E OS CARRINHOS DE CHOQUE

As feiras e os seus equipamentos de diversão exerciam uma forte atracção sobre os visitantes. Havia para todas as idades desde os infantis que divertiam nos pequenos carros que circulavam lentamente num circuito fixo, passando pelo popular carrossel onde se cavalgavam as figuras e cadeiras de madeira e os habilidosos e treinados rodopiavam em pé sempre em equilíbrio. No topo das preferências estavam as pistas dos carros eléctricos que permitiam a sua condução e o choque eram
divertimento
para as idades adolescentes e adultas e permitiam a afirmação e despique entre os condutores.
Na foto de 1961 a pista dos carros elécticos está cheia de condutores entusiasmados e sorridentes enquanto os mirones aguardam inquietos pela sua vez.



terça-feira, 26 de outubro de 2021

ENTRONCAMENTO COM SINALEIRO NO LARGO DA RÉPUBLICA (DÉCADA DE 1960) .

Curiosas fotos do entroncamento das Ruas Machado dos Santos, Rua de Alcobaça, Rua dos Mártires no Largo da República presumo que na década de 1960.
Esta era uma via importante de ligação ao sul num tempo em que não havia "vias de circunvalação".
A 1ª imagem mostra 2 placas de trânsito indicando as cidades de Pombal, Coimbra e Porto e para a Barreira uma localidade dos arredores a sul.
Para coordenar o intenso tráfego um policia sinaleiro resguardado por um tradicional chapéu de sol (e de chuva).
A 2ª imagem mostra o mesmo local mas obtida doutro enquadramento tem visível uma placa cujos nomes não se conseguem decifrar. Talvez Marinha Grande ou localidades para sul.




domingo, 24 de outubro de 2021

 LARGO 5 DE OUTUBRO O ESPAÇO DA IDENTIDADE LEIRIENSE

É o 3º post onde aparece o Campo D. Luís I, topónimo que foi deliberado em 1877 e permaneceu até 10-10-1910, data em que por deliberação camarária passou a ser designado por Largo 5 de Outubro.

O área que esse topónimo abrange começa após o Largo do antigo Sinaleiro (que na realidade faz parte do Largo Alexandre Herculano) e ocupa a área entre o Marachão dum lado e a fileira de prédios paralelos à Rua e virados para o jardim, do outro, terminando no topo da Av: Heróis de Angola e no Largo Cónego da Maia.

O próprio jardim Luís de Camões que foi criado em finais do século XIX, terá também feito parte dessa designação pois toda a zona foi anteriormente designada "rossio" (palavra utilizada para designar um espaço de terra batida para utilização pública e popular na localidade e no qual se realizavam as feiras, mercados e espetáculos.

O final do século XIX, trouxe uma nova forma de usufruto público desses "rossios" introduzindo outras tipologias de áreas: ajardinadas, arborizadas, adicionando-lhes equipamentos como bancos, lagos e estatuária.

Nestes 140 anos registaram-se grandes alterações nos locais, nas arquiteturas e nas concepções urbanas mas a génese da ocupação do espaço é idêntica, e a única alteração significativa foi a transformação do Largo onde se situou o Teatro Maria Pia e circundantes em Praça onde se construiu uma fonte luminosa original e artística, e amplamente empedrada.

O Largo 5 de Outubro começou como hall de entrada da cidade e é hoje além dum espaço de circulação intercidade e também um digno espaço de de identidade Leiriense, com as suas letras LEIRIA em dimensão generosa a motivarem a obtenção de belas imagens da trilogia da fonte luminosa, jardim e castelo de Leiria.
Fotos do Largo 5 de Outubro obtidas de locais diferente iniciando-se com a uma imagem identitária da cidade.













































 A HITÓRIA DO CORETO DO LARGO 5 DE OUTUBRO

Este coreto foi desmontado do jardim Luís de Camões em Leiria, em meados do séc. passado, 1947, e reinstalado em Santa Catarina da Serra. É uma verdadeira relíquia e está bem conservado e cuidado.
Assentando numa base de pedra todo o coreto foi feito em ferro forjado com as indicações de "Casa Reis" e Massarelos - Porto.
Pode-se observar este coreto, quando instalado em Leiria, em fotografias antigas na Imagem 1.
Está muito bem onde está, mas pode perguntar-se porque razão é que as pessoas de Leiria não protegeram o seu património arquitetónico de lugares públicos, como foram os casos do Teatro D. Maria Pia e deste coreto?
Uma associação de Santa Catarina explicou o seguinte:
“Estava situado no actual Jardim “Luís de Camões”, em Leiria. Em 1947, após a queda de uma árvore sobre a estrutura, foi comprado à Câmara, em hasta pública, e trazido para Santa Catarina da Serra. Restaurado em 2008, foi construído na Fundição de Massarelos, Porto, no ano de 1889. Com 119 anos, é o coreto mais antigo da Região de Leiria.”

























quarta-feira, 13 de outubro de 2021

 O TEATRO D. MARIA PIA

UM ESPAÇO DE ESPETÁCULO E CULTURA de 1880 a 1958.

Em 3 de Outubro de 1878, foi lançada a primeira pedra para a construção do Teatro D. Maria Pia, junto à Rua de Sant'Ana. A autorização para designar o novo teatro com o nome da rainha D. Maria Pia data de 23 de Maio de 1879. A inauguração do novo edifício ocorreu em 9 de Dezembro de 1880.
A informação sobre o Teatro, o seu interior e o que significou para a cidade é escassa, mas fica uma descrição da sua inauguração, relembrada por altura da comemoração do 60º aniversário, realizado em 8 de Dezembro de 1940 e publicado no jornal O Mensageiro de 7 de Dezembro de 1940.
Para não tornar o texto demasiado extenso cito alguns parágrafos relevantes:
"Leiria inaugurou há poucos dias [9 de Dezembro de 1880] o seu novo teatro, um belo teatro (…). Vamos dar uma rápida notícia dêste novo teatro, um grande melhoramento na cidade de Leiria, notícia cujos apontamentos devemos à obsequiosa amabilidade do sr. L. A. Dos Santos.
O teatro de D. Maria Pia foi edificado no campo de D. Luiz I, correndo paralelo ao antigo convento de Sant’Ana, com o qual forma uma vasta e espaçosa rua."
"A inauguração realizou-se com todo o brilho na noite de 8 de Dezembro, com um espectáculo desempenhado por curiosos, abrindo com o hino de El-Rei D. Luiz, executado pela orquesta, e um hino de saudação a S. M. a rainha escrito pelo sr. Xavier Rodrigues Cordeiro, poeta natural de Leiria, e cantado pela sociedade dramática. A peça de inauguração deste teatro, construído em dois anos e um mês, foi o drama “Abel e Caim” do falecido escritor António Mendes Leal."
"A arquitectura externa do teatro é simples, em compensação o teatro por dentro é dum luxo extraordinário, duma elegância que o coloca acima de todos os teatros de província. ................."
"A sala é em feitio de ferradura, é elegantíssima, perfeitamente iluminada por numerosos candelabros suspensos dos camarotes, todos gradeados em florões dourados e corrimãos estofados a carmezim vivíssimo, dum belo efeito....................."
O Teatro D. Maria Pia foi o centro cultural de Leiria, durante cerca de oitenta anos. Recebeu teatro, cinema, concertos musicais, recitais, exposições e outras manifestações de arte, acolhidos com aplauso pela cidade, mas também público de outros concelhos, atraídos pela qualidade e fama dos seus espectáculos.
A degradação do edifício e a necessidade de ampliar a sua lotação, levantou polémica, gerou negociações, mas a sua demolição em 1958 foi inevitável e deixou a cidade desprovida, durante 8 anos , dum espaço público equivalente.
Foto 1 - O edifício do teatro em imagem frontal, em princípios do século XX.
Foto 2 - O teatro visto lateralmente em dia de movimento, talvez de espectadores em circulação.
Foto 3 - Vista panorâmica do Teatro na década de 1950, com pormenores do jardim e do seu miradouro, da zona histórica da cidade e do Castelo. É uma imagem melhorada no colorido e das mais expressivas.
Foto 4 - Interior do teatro com vista dos camarotes e cadeiras.
Foto 5 - Desenho de Rodrigues Vieira da sala com espectadores e uma nesga do palco.







quinta-feira, 7 de outubro de 2021

 AS "RUAS DIREITAS" OU RUAS "DIRECTAS"

"Rua Direita" é uma deformação [...] de «rua directa», que normalmente vai da igreja principal de uma localidade até à saída mais importante (embora existam variações: entre duas igrejas, entre sé e sede do governo local, entre igreja e torre de menagem).
O facto de serem ruas antigas faz com que normalmente sejam bastante tortuosas, mas foram em tempos a rua mais importante, ou pelo menos uma das mais importantes, da povoação em causa.»
A Rua Direita de Leiria é a Rua Barão de Viamonte, que tem o seu inicio no Largo Cândido dos Reis (Terreiro) e termina no Largo da Sé.
Foto 1 - Final do Largo Cândido dos Reis onde tem inicio a Rua Direita de Leiria. A rua começa na extrema direita do Largo.
Foto 2 - O troço inicial da rua até cerca de metade.
Foto 3 - A parte final da rua com o seu término no Largo da Sé que é visível parcialmente.





terça-feira, 5 de outubro de 2021

 PORTAS DO NORTE DAS MURALHAS DO CASTELO

Portas do Norte, ou dos Castelinhos, marcam o início das muralhas românicas de Leiria que envolviam um perímetro de cerca de 5 hectares para Norte e Este. São anteriores a 1152 e davam acesso à desaparecida igreja paroquial de Santiago e à Ponte Coimbrã.
Compostas por duas quadrigas de vigia e uma barbacã em cujo pórtico se inscreve um dos brasões mais antigos do concelho de Leiria (século XIV), no qual se observa, em torno de um castelo, dois pinheiros encimados por corvos, simbolizando a lenda da fundação de Leiria por D. Afonso Henrique.
Foto com imagem da porta Norte em sentido ascendente.



sábado, 25 de setembro de 2021

 O CEMITÉRIO DA SÉ DE LEIRIA

Leiria teve até ao final do século XVIII, a tradição de utilizar as Igrejas, os seus adros e envolvente, para efetuar os enterramentos.
As necrópoles ligadas às várias igrejas da cidade, vão revelando em escavações efectuadas vestígios desses enterramentos.
Com a modernidade, em que o conhecimento se foi sobrepondo ao secularismo da igreja surgiram reações à instalação de necrópoles nas igrejas, e para a criação de locais a esse fim destinados, que mantivessem o estatuto sacralizado.
Esta visão moderna foi defendida e praticada pelo Bispo de Leiria, D. Manuel de Aguiar, que numa iniciativa avançada para a sua época criou em 1798, o Cemitério da Sé, localizado nas suas traseiras, impedindo os enterramentos do interior da Igreja.
O cemitério da Sé de Leiria manteve-se até à construção do atual, localizado no morro de Santo António do Carrascal, inaugurado em 1871, depois de longo período de diligências e hipótese de localização, que decorreu desde 1835, data em que oficialmente são criados os cemitérios públicos e proibidos os enterramentos dentro das igrejas.

imagem 1 - Desenho com planta do sec. XVIII onde é visível o cemitério da Sé.
Imagem 2 - Desenho de 1836 com uma vista onde aparece o cemitério nas traseiras da Sé.

Créditos: A história do Cemitério da Sé de Leiria. Francisco Queiroz.




quinta-feira, 23 de setembro de 2021

 DO ROSSIO AO LARGO 5 DE OUTUBRO E À PRAÇA GOA, DAMÃO E DIU.

Aproveitando o notório interesse havido com a evolução desta zona ao longo do século XX, o que é compreensível por este ser um dos espaços mais centrais da cidade enriqueço essa informação com mais algumas fotos interessantes e significativas.
A 1ª foto da década de 1930 tem uma visão da zona com um canteiro ladeado por alguns passeios e estradas. Estas últimas serviriam para acolher viaturas puxados por animais mas também para utilização de peões como se pode reparar. A foto tem a particularidade de parecer encomendada pela figura em plano de destaque na mesma.
A 2ª foto talvez dos finais dos anos 30 com enquadramento diferente focado nos edifícios e castelo.
A 3ª foto da década de 1940 focada no monumento aos mortos da grande guerra, que foi ali inaugurado em 1929, e onde se repara nos canteiros nos arranjos dos canteiros e uma panorâmica da fila edifícios que compõem o largo 5 de Outubro em direcção ao entáo Paço Episcopal.
A 4ª foto talvez da década de 1960 que nos mostra um largo diferente com uma praceta central em terra batida em frente do edifício da Caixa Geral de Depósitos, que ali foi concluído em 1943, e com uma panorâmica alta da zona histórica à época. As vias de comunicação estão bem definidas e alcatroadas e existe um parqueamento nas traseiras do edifício do BNU., que entretanto se entenderia para o largo central.
A 5ª foto da década de 1970, com uma configuração diferente com o aproveitamento da praça central para parque de estacionamento organizado e delimitado por passeios. O parque está ocupado o que demonstrava a crescente utilização do automóvel e o crescimento da actividade comercial polarizada nas baixas citadinas.
A 6ª e última foto das finais da década de 1970 com o largo transformado em praça já com a vistosa fonte luminosa nele implantada a qual foi inaugurada em 1973. Os tempos mudam após a invasão automóvel dos centros das cidades há o movimento de empurrar o transito para vias exteriores e recuperar as praças com equipamentos lúdicos, zonas verdes com decorações florais e de ocupação pedonal.
Termino com a nota de que a hoje denominada Praça Goa Damão e Diu, que se recortou do Largo 5 de Outubro, não tem registo de deliberação camarária da sua criação e consequentemente quando passou a ser assim chamada.

























terça-feira, 21 de setembro de 2021

LARGO 5 DE OUTUBRO EM 1920 E PRAÇA GOA, DAMÃO E DIU EM 2020.

AS SEMELHANÇAS DO MESMO LOCAL A UM SÉCULO DE DISTÂNCIA.

A 1ª foto levou algum tempo enquadrar e contextualizar, mas encontramos nela 3 referências de identificação. O edifício de 1º andar à direita, que mantém as características arquitectónicas apesar de algumas vezes remodelado.
A estátua meio visível a lembrar os combatentes e mortos da 1ª grande guerra.
A traseira do edifício do antigo teatro Maria Pia com alguns traços muito identificativos ( as janelas, o friso superior e a antena lá colocada).
Com atenção ainda reconhecemos uma 4ª identificação no prédio do inicio da Rua João de Deus, que ainda mantém a mesma traça exterior e está parcialmente visível numa coluna de janelas e piso superior.
A foto é obtida do jardim municipal (hoje Luís de Camões) da sua extremidade norte a apanhar a curva da estrada.
A 2ª imagem bem recente é obtida quase mo mesmo local e ajuda a reconhecer o local e as suas alterações.
No edifício em frente de piso único onde se lê "Restaurante" será construído em 1943 o 1º edifício da Caixa Geral de Depósitos, e o antigo largo transformou-se em Praça Goa Damão e Diu que foi embelezado em 1973 com a original fonte luminosa e o grupo escultório do Lis e Lena.






sábado, 18 de setembro de 2021

 A PRAÇA DESDE O SÉCULO XII.

DA PRAÇA DE S. MARTINHO À PRAÇA RODRIGUES LOBO (1877)
No século XIII, a Praça Rodrigues Lobo, denominada deste modo a partir de 1877, tinha uma forma muito diferente da que conhecemos hoje em dia.
Na época, chamava-se Praça de São Martinho por nela se encontrar a Igreja de São Martinho, construída no séc. XII.
Em 1383, na Praça de São Martinho, entre a Rua Direita e a de São Francisco, existia o Moinho de Mancebia, que em 1400 foi transformado em Moinho de Azeite e que era propriedade do Rei. Perto deste moinho, encontravam-se os banhos públicos, situados no largo dos Banhos (freguesia de São Martinho) junto à judiaria e outros lagares de azeite.
A Casa da Câmara, a Cadeia, o Pelourinho e o Paço dos Tabeliães situavam-se frente à Igreja de São Martinho. O Rio Lis passava junto à Igreja de São Martinho, fazendo um ângulo reto para norte, mas tendo em conta as pressões por parte dos procuradores da cidade, foi realizado, entre 1699 e 1702, um desvio do leito do rio para evitar as cheias frequentes que decorriam na cidade e que devastavam as culturas e bens dos habitantes, e também comprometia a saúde pública.
O espaço frente à igreja, que em tempos teria sido uma necrópole, transformou-se num ponto central de comércio e, consequentemente, passou a atrair novos habitantes, em particular famílias nobres.
Com a criação do episcopado de Leiria, D. Frei Brás de Barros, primeiro bispo de Leiria acordou com a cidade uma troca de terrenos. A cidade cedeu os paços que serviam de Câmara, junto da Igreja de São Pedro, e a igreja cedeu parte do rossio e o assento da Igreja de São Martinho. A Igreja de São Martinho foi demolida para construir uma praça.
Deste modo, após 1546, com o surgimento desta nova Praça, o espaço urbano sofreu uma alteração, verificando-se um aumento da população nesta área, por ali se passaram a realizar as mais importantes feiras e mercados e a partir do século XIX se fixaram espaços fixos de comércio especializado.






sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 A RUA DIREITA E O BAIRRO DE S. MARTINHO

 SUA IMPORTÂNCIA NA HISTÓRIA DE LEIRIA.

O mapa de Leiria do século XV.
O bairro de S. Martinho constituíu-se a partir do século XIV no principal centro comercial da vila, sendo a rua Direita a sua principal via e a maior rua da vila medieval.
Os espaços públicos fundamentais também estão intimamente relacionados com e regrados pela rua Direita, ficando o Terreiro numa das extremidades e o Largo da Sé na outra.
Revelou ser também um eixo estruturante da urbanização dessa zona da vila existindo dezoito ruas que lhe são perpendiculares, dez a nascente e oito a poente.
Em diversos documentos do século XIV e XV, são mencionadas vias transversais à rua Direita ou rua da Judiaria. Em alguns casos é difícil fazer uma relação da evolução toponímica das vias.
Seriam transversais da rua Direita: a da Alfaiataria; a rua da Carpintaria; a rua da Rigueira; a rua da Sapataria; a rua Nova igualmente designada por rua da Lã ou dos Mercadores ou, somente, dos Mercadores; a rua das Cavalarias e a de Gil Martins (Gomes, 1993). Existiam várias ruas paralelas à rua Direita.
Em documentos do século XIV, existem referências a uma via “acima da rua da judiaria”, e no século XVI, era referenciada a rua do Pão e Queijo, actual rua da Beneficência (Gomes, 1993).
Outras ruas, como a rua de Alcobaça e a rua da Água * (actual Rua Comandante João Belo), são importantes para a compreensão do modelo urbanístico da vila medieval.
A rua da Água ia da Portela ao actual largo da Graça, sendo-lhe perpendicular à rua de Alcobaça.
As origens desta última artéria remontam ao século XIII, sendo que nesta o Mosteiro de Alcobaça detinha diversas propriedades. Referências toponímicas à rua do Relego surgem somente no século XVIII, no entanto, não é de excluir, segundo Saul Gomes (Gomes, 1993), que ela não tivesse esse nome em época medieval. “Mas segundo uma fonte moderna, a rua do relego tinha orientação grosso modo norte-sul confrontando com o Terreiro e com a rua da Água, respetivamente.
A rua de Alcobaça era uma das ruas a ela perpendiculares. O relacionamento que estabelece entre esta designação moderna e a artéria medieval, que existia necessariamente, e de que os documentos há pouco citados dão testemunho, resulta, (…), da notícia inserida num capítulo especial de Leiria apresentado nas Cortes de Évora de 1460, que revela existir na vila uma rua onde se vendia o vinho do rei durante o relego era costume e lei que, no período da relegagem, se vendesse vinho apenas numa artéria citadina.” (Gomes, 1993).
Nota:
(
Historicamente, o relego era o direito que o soberano ou o seu donatário tinha de poder vender livremente o vinho que se produzia nos seus reguengos, coutos e juradas, em certos meses e pelo prazo de dias; durante esse tempo marcado nos forais, provisões e cartas de mercê, ninguém podia vender vinho sem incorrer no pagamento do relego)

O Bairro de S. Martinho teve na Praça de S. Martinho o seu centro e o decorrer do tempo iria  acentuar essa centralidade. A demolição da Igreja de S. Martinho no séc.XV definiu o desenho renascentista da praça do mesmo nome, e segue as direções e os parâmetros dos 5 arruamentos que a ainda a ligam ao eixo primordial da cidade. O Rossio, anexo à Praça e a ela ligado originariamente por um arco, algo comum nas ruas da urbe, é um espaço amplo de transição para o rio * (actualmente ocupado pelo Largo 5 de Outubro, o jardim Luis de Camões, e o Largos Goa, Damão e Diu.)
Com base em pesquisa às fontes:
“Património de Leiria e desenvolvimento sustentável” Michael Silva Sousa e fontes nele mencionadas; Site do património (DGPC) ; Wikipédia;

























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